quarta-feira, 1 de julho de 2009

Sobre os textos de Emilia Ferreiro

Olá meus queridos!
Estamos em fim de período. O tempo corre ,muitos trabalhos a fazer!
Uma loucura! Imploro por férias nesse momento! rs.
Comentando sobre as impressões dos últimos textos lidos," Os problemas cognitivos envolvidos na construção da representação escrita da linguagem" e "A interpretação da escrita antes da leitura convencional",ambos de Emilia Ferreiro ,encontrados no livro "Alfabetização em processo". Como o título do livro já pressupõe,os textos pontuam as fases do desenvolvimento no processo de alfabetização.Pontuei questões que,na minha opinião,são as mais importantes dos dois textos.Espero que possam refletir através da minha reflexão!
BEIJOKAS DA KA!
"Emilia Ferreiro dispõe sobre os níveis sucessivos de organização do conhecimento difundidos por Piaget.Para a autora,esses níveis não são sobrepostos,nem hierarquizados,mas esse desenvolvimento se caracteriza pela passagem de um estado de menor conhecimento para outro de maior conhecimento.É desse modo,que segundo Piaget o conhecimento se constrói.
Na escrita,o estado menor de conhecimento pode corresponder à fase pré-alfabética,pré-silábica.A representação alfabética da linguagem corresponde a um momento mais avançado de conhecimento,de desenvolvimento da escrita,ou seja,as fases silábico-alfabética e alfabética.
O importante é a passagem de uma fase para outra e os problemas cognitivos pertinentes durante essa passagem,que Piaget denominou desequilibração(momento no qual a criança passa de um nível a outro ,uma vez que “abandona” um conhecimento anterior ou soma a este um novo conhecimento).
Sobre esses problemas cognitivos,podemos perceber freqüentemente no dia-a-dia do processo de alfabetização de uma criança conflitos que fazem com que ela passe a níveis mais elevados de conhecimento,a equilibração(momento de assimilação de novos conhecimentos,precedido do momento de desequilibração).Ferreiro aponta um problema cognitivo recorrente na alfabetização:a relação entre o todo e as partes,isto é,a construção da palavra e as letras que a constroem.
Desse modo,as partes (letras) servem apenas para constituir uma totalidade legível(palavra). Temos portanto momentos importantes desse desenvolvimento e como eles se caracterizam:
*Hipótese da quantidade mínima-a criança percebe que é necessário uma quantidade mínima de letras para se formar uma palavra.Essa pode variar quando se trata de uma palavra no plural.Nesse caso,a quantidade de letras da palavra no plural será maior do que quando escrita no singular,relacionando a quantidade de letras á maior quantidade do mesmo objeto(figura).

*Hipótese silábica- pressupõe um estado de consciência do que se está escrevendo.Assim,a criança,por exemplo,reconhece a sílaba na construção da palavra,mas a utiliza de forma desordenada.A sílaba,por sua vez,pode servir para identificar um nome,quando a criança já está em um nível mais elevado de “tematização”,isto é,de consciência e contextualização da escrita.O valor posicional da sílaba(ou da letra que significa para a criança uma sílaba) que determina a interpretação dada pela criança ao que está escrito.

*Princípio da variação interna-não se pode obter algo legível com uma série composta pela mesma letra.A criança tem essa noção nessa fase.Este princípio se associa à hipótese da quantidade mínima.Esse momento é importante,uma vez que ao tentar satisfazer esse princípio,a criança procura diferentes meios para diferenciar as séries de letras,principalmente as que não tem um vasto repertório de letras,podem através desse exercício ir mais além,pode se desenvolver mais que o esperado.Atividades que exercitam essa busca,com utilização de fichas com o alfabeto podem ajudar nesse desenvolvimento.

Outra questão bastante pertinente durante a alfabetização da criança é a interpretação da escrita antes mesmo da escrita convencional.Assim,a criança interpreta o objeto e não a escrita que lhe dá nome.
“O que está realmente escrito” em um texto não é considerado “o que pode ser lido” no mesmo texto escrito”
Se trata então da “hipótese do nome”,onde a criança interpreta a escrita levando em conta duas condições: o contexto e a idéia de que os nomes são realmente o que está escrito.Não entenderam? Tudo bem,vou exemplificar:
-Uma criança de 6 anos vê um carro escrito “México”.Ao ser perguntado sobre a escrita,o que se lê,ele responde prontamente: -CARRO!
Nesse caso ele significou a escrita(as letras organizadas que formam uma palavra) pelo nome do objeto.Ou seja,o contexto (o objeto carro)lhe apresenta uma hipótese de escrita bastante real,a idéia de que o que está escrito é o nome do objeto.
A criança,a partir daí,se desenvolve,passando pelas etapas seguintes do desenvolvimento da interpretação da escrita.Em outro nível,ela não mais levará em conta o contexto,e passará a considerar a escrita(nesse nível a criança já tem um repertório vasto de letras e reconhece sílabas).Quando chega a um nível de desenvolvimento ainda mais elevado,a criança reconhece ainda a importância do contexto,mas já pode interpretar ,de fato,o que está escrito,e não molda sua leitura pelo contexto.Voltando ao exemplo citado acima:a criança não mais interpretará o que está escrito no objeto pelo nome e sim,passará a interpretar o que de fato está escrito no objeto,nesse caso, México.

Devemos dar importância a todas as fases de desenvolvimento.Todas elas são de certo modo,acumulativas e garantem a experiência de exercitar de diversas formas o ato de escrever/ler.Suprimir essas fases,pode prejudicar o desenvolvimento cognitivo da criança.Se o professor tenta “pular” qualquer etapa desse desenvolvimento,priva a criança dessas experiências,desses “erros e acertos” contínuos e característicos da alfabetização."

Por Kahh


Um comentário: